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     12/05/2024            
 
 
    

No último século, a atividade humana alicerçou seu desenvolvimento em busca de atender a demanda por alimentos, bens de consumo e de capital e, como consequência intensificou a queima de combustíveis fósseis em processos de produção de energia. Essa estratégia tem sido dissociada da preservação do meio ambiente, com excessiva exploração dos recursos naturais (solo, água, combustíveis fósseis, etc.), resultando em grande emissão dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa (gás carbônico, óxido nitroso e metano), considerado como o precursor de mudanças no clima global.

É importante salientar que os impactos das mudanças climáticas sobre a agricultura mundial são pautados, principalmente, pelo grau de exposição desta aos elementos do clima (temperatura, precipitação, radiação solar, etc.), pelo seu grau de vulnerabilidade e de resiliência, bem como pela proposição e execução de alternativas globais de mitigação dos fatores causais e da capacidade de adaptação dos países, guiada pela sua economia. Dessa forma, a agricultura deve assumir papel de destaque na pauta de discussões mundiais no momento em que alterações no clima constituem séria ameaça à segurança alimentar em escala global.

Nesse sentido, dentre as principais culturas destinadas à produção de alimentos, destaque é dado ao trigo, que responde por aproximadamente 21% da demanda mundial de alimentos. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), para atender a crescente demanda dos países em desenvolvimento será necessário aumentar a produção deste cereal em, aproximadamente, 1,6% ao ano até 2020 (2,6% ao ano considerando o consumo animal).

No Brasil, a produção de trigo tem relativa variação entre os anos, pois depende de fatores como as condições meteorológicas e os preços pagos ao produtor. A produção de trigo em 2009 foi de 5 milhões de toneladas, volume que deve suprir até 50% da necessidade interna do cereal (consumo entre 9 e 11 milhões de toneladas), embora na série histórica 2000-2007 o trigo brasileiro supriu apenas 36% da demanda registrada no país.

Portanto, para a cultura do trigo, os cenários - global e brasileiro - evidenciam a necessidade de expansão da área de cultivo, justificada também pela expectativa de crescimento da população mundial, estimada em 10 bilhões de habitantes já em 2050.

Normalmente, a resposta da cultura do trigo está vinculada à variação dos elementos do clima nos períodos críticos da cultura, como geada e/ou seca no espigamento, umidade relativa e/ou temperatura elevadas no enchimento de grãos, chuva na colheita, etc. Num cenário de mudança climática, o aumento na frequência de extremos climáticos poderá resultar na possibilidade de redução da área hoje apta para cultivo do trigo no Brasil. Por outro lado, novos estudos deverão prover informações que possibilitem a incorporação de novas áreas com aptidão de cultivo.

Cabe ressaltar que a dimensão do problema ou do benefício gerado à atividade tritícola estará associada à intensidade experimentada da mudança climática e à capacidade de adaptação (natural ou suportada por ações humanas) nos diversos ambientes passíveis à produção de trigo.

Estudos recentes, realizados em várias partes do globo incluindo o Brasil, com cultivares de trigo atualmente disponíveis, salientam que:

- o aumento da concentração de gás carbônico no ambiente incrementaria a produtividade do trigo, visto que as plantas teriam mais matéria-prima para realizar a fotossíntese, mas podem apresentar como revés redução na qualidade do grão (aumento do teor de lipídios - reduz a qualidade nutritiva do alimento, redução de alguns micronutrientes no grão como manganês, ferro, cádmio, etc.);

- a elevação da temperatura encurtaria o ciclo do trigo além de favorecer aumento no metabolismo respiratório, o que poderia, então, resultar em redução na produção de grãos;

- a ocorrência e a severidade de doenças, por alterações em sua frequência e intensidade favorecidas pelo calor, frio ou umidade, poderão tornar-se fatores ainda mais limitantes para a produção do trigo;

- a ocorrência de déficit hídrico e aumento de temperatura, poderão ser compensadas, em parte, pelo aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera, desde que práticas conservacionistas de manejo de solo e da água sejam utilizadas;

- o manejo do nitrogênio, em ambiente alterado (elevação da concentração de gás carbônico), poderia compensar perdas de produtividade do trigo em condições de déficit hídrico.

Cabe ressaltar que o Brasil, sendo um país de grande dimensão territorial, possui variação acentuada nos padrões climáticos e de relevo que definem os eco e agroecossistemas regionais. Portanto, possíveis alterações climáticas devem implicar em resposta diferenciada na produção agrícola, que não, necessariamente, serão impactos negativos para as culturas.

Entretanto, ainda são escassos os estudos considerando mudanças climáticas e a cultura do trigo no Brasil. Atualmente, nesta temática, programas de pesquisa em âmbito nacional liderados por instituições de pesquisa e/ou ensino (com expressiva participação da Embrapa) estão sendo executados, visando determinar potenciais impactos na cultura do trigo, bem como indicar estratégias de adaptação frente à possibilidade da ocorrência da mudança climática. Fazem parte dos estudos o entendimento dos cenários futuros, o impacto sobre doenças de plantas e o papel do solo e dos sistemas agrícolas, enquanto forma de contribuir para a mitigação, bem como a capacidade da cultura em suportar extremos climáticos (déficit hídrico e excesso de calor, principalmente).

 

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